01 junho 2014

X-Men #1-3

Argumento: Brian Michael Bendis | Arte: Stuart Immonen, David Marquez
A Marvel Comics está de volta a Portugal na língua de Camões graças à Panini Comics, após um hiato de vários anos cujo fim ninguém esperava tão cedo. A última vez que tivemos o privilégio de ler comics mensalmente em português, era a Devir que estava encarregue deste esforço estóico de publicar banda desenhada neste país e desde então a única maneira de saciar a nossa fome era através das sobras que vinham do Brasil que, diga-se de passagem, não primavam pela qualidade. Ao início vi com bons olhos esta solução de recurso, mas com o tempo foi possível verificar que não estavam garantidos os níveis mínimos de qualidade - traduções não muito inspiradas, qualidade do papel abaixo do que estávamos habituados, má distribuição e exemplares que chegavam a Portugal completamente destruídos na maioria dos casos. Mas será que isto foi tudo resolvido com as novas edições da Panini?

07 agosto 2011

Sobre o Homem-Aranha Afro-Latino

"I'm black, so what?" - Miles Morales
Hoje em dia vivemos numa sociedade foleira, onde não se pode dar um passo sem ouvir uma chuva de críticas irracionais e desprovidas de sentido. Somos atacados mesmo sem termos mostrado aquilo que realmente valemos e somos crucificados por erros que qualquer um poderia cometer num dia mau. Somos criticados por aquilo que somos num mundo onde não se respeitam as individualidades e se menosprezam as identidades únicas de cada um de nós. Imaginem o que é sentir isto pertencendo a uma minoria. Basta multiplicarem o sentimento por um número na casa das centenas.

06 agosto 2011

Blackest Night

Blackest Night, por Geoff Johns e Ivan Reis
Argumento: Geoff Johns
Arte: Ivan Reis

Desde há uns tempos para cá que o mercado tem andado saturado com os já irritante hiper-mega-super-potentíssimos-estonteantes-eventos, uma fórmula mágica normalmente utilizada na época do Verão (altura onde o tempo livre nos leva a fazer coisas que, normalmente, não faríamos noutras estações) que as editoras norte-americanas, nomeadamente a Marvel e DC Comics, encontraram para ganhar uns dólares a mais. Isto tudo às custas da horda de zombies que quase toda a base de fãs de comics representa: qualquer que seja a saga, por pior que tenha sido o seu marketing ou build-up, há que dar uma oportunidade e comprá-la pois pode estar ali a história do século. É claro que essa probabilidade, por mais pequena que seja, existirá sempre. Mas regra geral, quando se espreme um mega-evento o sumo é muito pouco. Falha sempre qualquer coisa. Ou é demasiado extenso, ou tem uma arte foleira que teve de ser completada por outro artista, ou então a qualidade da história em si simplesmente não vale a ponta de um chaveiro.

Mas a verdade é que há sempre um excepção. Blackest Night entra, com distinção, nesse lote de excepções porque, essencialmente, é uma história com um grau elevado de coolness. Muitos comics têm falhado ultimamente porque erram ao tentar encontrar um certo equilíbrio entre a descontracção que os Super-Heróis proporcionam ao leitor e a seriedade que pode ser imputada às páginas deste tipo de ficção, erradamente assumida como algo que só pertence ao imaginário infantil/ adolescente.

25 dezembro 2010

Hellboy - Library Edition Vol. 1

A obra de referência de Mike Mignola
Hellboy conseguiu definir o seu espaço na vasta Banda Desenhada norte-americana há já mais de uma década, coisa com que as mais recentes séries de autor apenas podem sonhar. Este foi e é um feito de louvar pois assentar uma personagem num mercado competitivo como este, dominado pelos heróis comuns e pelos valores do passado, é algo que requer o seu esforço, dedicação e determinação. Mike Mignola reuniu isto tudo e com um pouco de sorte conseguiu singrar no mercado. É claro que os anos 90 foram propícios a este boom por parte da editora Dark Horse, visto que foi nesta década que se viveu uma grande disparidade em termos de popularidade dos comics. Ora vejamos.
Foi nos fins da década de 80 e inícios da década de 90 que começou um período algo negro do mainstream norte-americano. Se por um lado fomos presenteados com o aparecimento de Alan Moore (Watchmen) e Frank Miller (Batman: The Dark Knight Returns), por outro assistiu-se ao nascimento das famigeradas mega-sagas (o passatempo favorito de Joe Quesada), cujo desenvolvimento só era possível caso todas as personagens de um universo nela participassem. A DC foi a primeira a ter esta ideia de juntar dezenas de heróis numa só estória, mas foi a Marvel que se adiantou e publicou pela primeira vez este formato (Secret Wars). Já aqui se faziam sentir as rivalidades entre as duas mais editoras de comics, tal como já se notava uma certa ingenuidade dos editores da DC Comics que não conseguiram manter o sigilo adequado para que não houvesse uma desconfortável fuga de informação. Talvez não tenham aguentado ficar com a ideia para eles próprios. Era preciso gritar aos ouvidos do mundo.

07 novembro 2010

Uma Palavra Sobre Scott Pilgrim em Português

Abri o post só para deixar aqui a minha satisfação em relação à tradução de Scott Pilgrim para português, isto através da atenta Booksmile que aproveitou bastante bem a estreia da adaptação cinematográfica desta série. Confesso que nunca tinha ouvido falar desta editora, mas a partir do momento em que se arrisca a entrar neste mercado que tão maus dias tem visto, sou obrigado a louvar esse esforço e a felicitar as pessoas envolvidas por tomarem esta iniciativa. Ficam aqui os meus sinceros parabéns pelas duas edições publicadas que dão 10-0 à qualidade da versão original. E digo isto porque já tive a oportunidade de folhear a comprar as ditas BD's que já se encontram à venda um pouco por esse Portugal fora.

Os volumes 1 e 2, Na Boa Vida e Contra o Mundo, respectivamente, marcam então a estreia da publicação de Banda Desenhada norte-americana  por parte da Booksmile, com tiragens de 5.000 exemplares cada. Ao todo serão 6 volumes com data de lançamento ainda desconhecida.



Fica aqui a sinopse cedida pelo site oficial da editora:
A vida de Scott Pilgrim é tão incrível. Tem 23 anos, faz parte de umabanda de rock, está «entre empregos» e namora com uma miúda gira da escola secundária.
Tudo é fantástico até uma estafeta sobre patins seriamente espantosa e perigosamente na moda chamada Ramona Flowers começar a passear‑se pelos seus sonhos e a cruzar‑se com ele em festas. Mas o caminho que conduz até à Sra. Flowers não está coberto de pétalas de rosa.
Os sete ex‑namorados maléficos de Ramona erguem‑se entre Scott e a felicidade. Conseguirá Scott derrotar os vilões e ficar com a rapariga sem ter de dizer adeus à sua boa vida?
Preço: 8,49 €

31 outubro 2010

Pax Romana

Argumento e Arte: Jonathan Hickman
IMAGE COMICS

"Pax Romana, expressão latina para "paz romana", foi o longo período de relativa paz gerada pelas armas e pelo autoritarismo, experimentado pelo Império Romano. Iniciou-se quando Augusto César, em 29 a.C., declarou o fim das guerras civis e durou até o ano da morte de Marco Aurélio, em 180."

Jonathan Hickman é um daqueles autores que chegam ao mundo da banda desenhada de pára-quedas e logo conseguem deixar a sua marca, simplesmente por introduzirem novas variáveis a uma equação que já se julgava resolvida. Quando pensamos que já não há forma qualquer de inovar neste meio que se mostra saturado ano após anos, eis que chegam sempre um ou dois salvadores que prometem limpar a casa e decorá-la de outra forma. Se no século passado tivemos Alan Moore, actualmente podemos dizer que temos o privilégio de viver na mesma época que o autor deste Pax Romana. Mas Hickman não é Moore, nem de perto nem de longe. Julgo até que as comparações que se fazem constantemente entre estes dois autores são forçadas. Do meu ponto de vista, têm apenas um ponto comum, o de terem apresentado abordagens diferentes nas suas obras que definitivamente foram e serão utilizadas como inspiração para as gerações futuras. Nestes termos, a comparação é possível, mas Moore e o seu fluxo de ideias único e condensado magistralmente numa estória construída com pés e cabeças é quase incomparável, ou até impossível de alcançar. Mas Hickman também terá o seu mérito. É talvez o argumentista mais original da década.

23 outubro 2010

O Triunfo da Pirataria = Contributo nas Vendas?

Underground, de Jeff Parker e Steve Lieber
O combate à pirataria no mundo da Banda Desenhada tem sido uma das maiores preocupações da indústria nos últimos anos, dado que o boom massivo da Internet facilitou a livre troca e partilha de ficheiros com direitos de autor. A música também tem sido vítima deste tormento e não há dia que passe sem haver queixas de um qualquer músico famoso que chora por não ter mais um 0 a juntar-se à sua conta bancária (ao mesmo tempo que se enchem de dinheiro a dar concertos pelo mundo inteiro). Apesar da guerra dos downloads não prejudicar significativamente os mais afortunados, o caso muda de figura quando são os menos bafejados pela sorte a sofrer com este caso. Há autores de BD e músicos que dependem de cada página e cada minuto de arte que produzem para pagar as suas contas. É o trabalho que fazem e como tal não têm outro modo de ganhar a vida. Deve ter sido assim que o desenhador Steve Lieber, autor da graphic novel Undergound em conjunto com Jeff Parker, se sentiu ao ver a sua obra disponível no site 4Chan.