29 dezembro 2005

Entrevista a José Carlos Fernandes

Iniciamos com esta entrevista uma nova secção aqui na ÁreaBD: a secção de entrevistas a autores.
Esta entrevista foi feita a José Carlos Fernandes, exclusivamente para a ÁreaBD. A entrevista foi realizada via e-mail.
Também agradecemos a sua disponibilidade por ter respondido ás nossas questões e a sua simpatia.
(As imagens foram colocadas aleatoriamente, sendo que não têm nenhuma ligação com as perguntas a que estão juntas).


ÁreaBD- Quando é que começou a fazer os seus primeiros desenhos?
José Carlos Fernandes- Como quase toda a gente, muito cedo, mas intermitentemente e sem método ou objectivo. Portanto os progressos foram, durante anos quase nulos. Entre os 18 e os 25 anos quase não desenhei. Só considero que comecei a desenhar a sério aos 25 anos. E poucos meses depois estava a fazer a minha primeira BD. Foi por isso que precisei de fazer quase 100 pranchas de BD até que a qualidade do desenho ficasse a par com os textos e a narrativa.

ÁreaBD- E quando é que começou a produzir os primeiros textos?
JCF- Também aí não existia prática prévia. Nunca escrevi nada. O meu primeiro texto surgiu quando tive de fazer a minha primeira BD.

ÁreaBD- Sempre foi fã de BD?
JCF- Sim. Comecei pelas BD's de Walt Disney, pouco depois de ter aprendido a ler, passei depois à revista "Tintin", que publicava várias histórias em continuação (o que nos deixava suspensos até à semana seguinte, para saber como se iria o herói desenvencilhar), e aos álbuns do Astérix e Tintin.

ÁreaBD- Quais foram os seus primeiros trabalhos para editoras?
JCF- Durante vários anos trabalhei para mim mesmo, não esperando vir a ser publicado, até porque o panorama da edição de BD em Portugal pouco tinha a ver com os meus trabalhos. Fui publicando em fanzines. Até que em 1993 surgiu o "Quadrado", um fanzine "profissional", com qualidade equiparada à de revista, editado por pessoas ligadas ao Salão de BD do Porto. Publiquei aí regularmente e o editor do "Quadrado" desafiou-me a fazer uma história de 32 págs. em formato comic-book, que iria inaugurar a colecção "Quadrado Comics". Foi assim que em 1994 fiz "A lâmina fria da lua", que seria o primeiro nº (e último, creio) da dita colecção. Entretanto já tinha publicado, em 1993, em edição de autor, "Controlo remoto". Ainda em edição de autor fiz "Irrealidades quotidianas" e depois em 1996 comecei a publicar pela Pedranocharco, que foi um projecto editorial que naufragou mal saiu do porto. Editei em diversas editoras até chegar à Devir. Mas, salvo raras excepções, não tenho concebido livros a encomenda de editoras – faço o que me dá na gana e depois espero que alguém esteja disposto a editar-me (veja-se o caso de "A última obra-prima de Aaron Slobodj", que fiz em 1997 e só foi editado em 2005).


ÁreaBD- Houve alguém em especial que o motivou a seguir esta carreira?
JCF- Não. Nem sequer a planeei como carreira. Fiz a primeira BD, fiquei interessado, fui fazendo mais, fui explorando diferentes temas e grafismos e sem que eu me apercebesse disso ou o tivesse planeado, tornei-me num "profissional".


ÁreaBD- O público só conhece os seus desenhos de pessoas “normais”. Nunca teve curiosidade em desenhar Super-Heróis?
JCF- Não, os super-heróis não me interessam de todo. As pessoas "normais" são suficientemente ricas e interessantes.

ÁreaBD- A série “A Pior Banda do Mundo” é um dos seus mais conceituados trabalhos. Mas reparámos que nunca põe pontos finais no fim das frases. Há algum motivo em especial?
JCF
- Não é só em "A Pior Banda do Mundo". Deixei de usar pontos finais. Se o discurso já está fechado dentro do balão ou do cartucho, não sinto necessidade de o fechar com um ponto final.

ÁreaBD- Só por curiosidade, onde é que vai arranjar nomes tão esquisitos para as suas personagens?
JCF- É uma história complicada. Por um lado, o meu cérebro, que facilmente se esquece de nomes como Sousa, Silva ou Antunes, retém facilmente nomes como Szymborska, Zelenka ou Zulfikarpašić. Por outro, muitos dos nomes que uso não se limitam a ser esquisitos ou a soar-me bem (isto também é importante), mas remetem para figuras reais, personagens literárias, lugares, etc. Não é indispensável que o leitor compreenda essas alusões para que perceba a história, mas quem conhecer essas referências culturais terá um bónus de entendimento. Raros são os nomes que são escolhidos ao acaso. Por exemplo, criei o nome de Sebastian Zorn, a partir dos nomes de dois dos meus músicos favoritos: Johann Sebastian Bach (1685-1750) e John Zorn, um músico de jazz norte-americano (actualmente com cerca de 50 anos). Não podiam ser mais diferentes: enquanto a música de JS Bach é um monumento de equilíbrio, rigor, serenidade e harmonia, a de Zorn assenta no improviso, no paroxismo, na imprevisibilidade e pode misturar elementos tão díspares como música tradicional judaica e o thrash metal. Ah, e Zorn, em alemão, quer dizer "ira".

ÁreaBD- E como é que consegue ter tanta inspiração para criar estórias tão bizarras?
JCF- Quem sabe de onde vêm as ideias? Esse é o mistério da imaginação. As ideias aparecem de onde menos se espera. O meu trabalho é estar atento, agarrá-las quando passam e voltar a pô-las em liberdade se verificar que não têm serventia. Às vezes são-me sugeridas por uma leitura enviesada: salto uma linha no jornal e aparece-me uma situação insólita. Vou registando as ideias em folhas soltas e depois sistematizo-as numa base de dados de ideias para histórias. Também vou recolhendo nomes de pessoas, lugares, livros, máquinas, inventos, tudo o que possa ser usado numa história.
Mas as minhas histórias não são tão bizarras como podem parecer à primeira vista. Pois são, no fundo, sobre nós mesmos, pessoas banais de uma qualquer sociedade ocidental no princípio do século XXI:


ÁreaBD- Está a pensar em levar esta série até que número?
JCF- Não sei. "A Pior Banda do Mundo" é um projecto aberto. Tenho planos para pelo menos mais 3 volumes: "O Teatro Vegetal Zucchini", "A Sede Provisória do Governo Mundial", "O Atlas Ilustrado da Ilusão Humana". Depois logo se verá.


ÁreaBD Já tem o 6# volume terminado? Quando o poderemos ver nas bancas?
JCF- O vol.6, "Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal", está pronto há 2 anos e será lançado provavelmente em Outubro de 2006. O vol.5 estava pronto desde Abril de 2001.

ÁreaBD Já está trabalhar no próximo número?
JCF
- Estava a organizar as sinopses para os volumes 7, 8 e 9, mas surgiu a oportunidade de fazer "A Agência de Viagens Lemming" e deixei-os momentaneamente de parte.

ÁreaBD- Já sabemos que está trabalhar no projecto Black Box Stories. Pode adiantar-nos alguma coisa sobre a continuidade do mesmo? E porquê a escolha de tal nome?
JCF- Durante muitos anos só tive ideias para histórias que fosse eu mesmo capaz de desenhar. Como sou um desenhador limitado, isto definiu o âmbito do tipo de histórias que criava. Um dia decidi deixar a imaginação à solta, e gostei dos resultados. Na verdade, posso dizer que são as minhas histórias favoritas, de quantas fiz até à data. Mas estas histórias pediam, para serem plenamente realizadas, alguém com mais "visão" gráfica do que eu. Foi então que me pus em busca de cúmplices: propus colaboração aos meus desenhadores portugueses favoritos. Só o Miguel Rocha é que respondeu afirmativamente.
Depois "descobri" o Roberto Gomes num workshop de BD que orientei na Biblioteca Municipal de Loulé. O Luís Henriques encontrei-o noutro workshop, que orientei no curso de BD do Centro de Imagens e Técnicas Narrativas da Fundação Gulbenkian, em Lisboa. Quem me chamou a atenção para a Susa Monteiro foi o José Freitas e o João Miguel Lameiras, da Devir, durante o 1º Festival de BD de Beja, para o qual ela fez o cartaz.
Posso adiantar que há mais 2 "recrutas" que muito possivelmente entrarão no projecto, o Vitor Hugo, português e sem experiência na BD, e Ken Niimura, que vai ser a nossa lança no Japão e nos vai permitir dominar o mercado mundial de manga e ficarmos obscenamente ricos. OK, a verdade é que Ken é espanhol (de origem japonesa) e tem já vários livros publicados. O Ken juntou-se ao projecto porque me pediu um prefácio para o seu último livro e eu, ao ver o seu portofólio, achei que ele era suficientemente versátil para se enquadrar nas BBS.

Quanto ao nome: vejo a inspiração como uma "black box", uma "caixa negra". Há inputs: vive-se, assiste-se, lê-se, ouve-se. E há outputs: peças de teatro, filmes, livros. No meio está o processo criativo: misterioso, insondável, imprevisível. Dei o nome de "Black Box Stories" a esta série não só em referência à caixa negra dos aviões (a BBS nº1 é precisamente sobre a caixa negra de um avião que cai na selva do Yucatan), mas também ao enigma do processo criativo. As primeiras 30 ou 40 BBS surgiram do nada, sem avisar, durante um mês ou dois, sem esforço. Depois acabaram, por mais que espremesse as meninges não surgia nem mais uma. Passado um ano e meio surgiram mais umas 80, em 3 ou 4 meses. E depois a fonte voltou a secar.


ÁreaBD- Não vai desenhar nenhuma estória desse projecto?

JCF- Em princípio não, pois nunca fez parte dos meus planos e as BBS desenhadas até à data têm excedido as minhas expectativas.

ÁreaBD- Sabemos que tem estado a trabalhar noutro proj

ecto- A Agência de Viagens Lemming.

Em que consiste?
JCF- "A Agência de Viagens Lemming" surgiu em resposta ao desafio lançado pelo João Miguel Tavares, do "Diário de Notícias", para fazer uma tira diária em continuação para as páginas de Verão do jornal. A única condição é que o tema tinha de estar relacionado com o verão. Achei que as viagens seriam um tema rico e diversificado. Como acho que uma tira em continuação não tem "substância" suficiente para manter o interesse do leitor, propus antes duas tiras, ou seja uma pequena página de BD. Foi uma maratona, pois tive que fazer uma página por dia, da concepção da história à arte final, durante 62 dias (Julho e Agosto). Como muitas das ideias que tive não couberam nessas 62 págs. e estava "embalado" aproveitei e fiz mais 62, ou seja um 2º volume. Estou agora a tratar das artes finais.

ÁreaBD- Pode-nos revelar a data da publicação destes seus projectos pela Devir?
JCF- "A Agência de Viagens Lemming vol.1: Dez mil horas de jet-lag" sairá no início de 2006 pela Devir, possivelmente com o "Diário de Notícias". O vol.1 das "Black Box Stories", desenhado pelo Luís Henriques, sairá em Abril de 2006, no Festival de BD de Beja. Algumas "Black Box Stories" desenhadas pelo Miguel Rocha estão a ser pré-publicadas na revista "C", do Centro Comercial Colombo.


ÁreaBD- Quais são as suas preferências de leitura a nível de BD?
JCF- Não leio BD de super-heróis (o único livro desta área de que gosto é "Arkham Asylum", de McKean/Morrison) nem de manga. Mas a BD nem sequer é o que me ocupa mais tempo de leitura. Leio poesia, ficção, ensaio (sobre biologia evolutiva, economia, religião, mitologia, música clássica – interesso-me por muitas coisas diferentes), enciclopédias, atlas, dicionários. Se tiver que reencarnar como insecto, quero ser um peixinho-de-prata, um daqueles bichos que se alimentam de livros.
Os autores favoritos da minha biblioteca são:
Jorge Luis Borges, Gabriel García Márquez, Roberto Juarroz, Carlos Drummond de Andrade, Gonzalo Torrente Ballester, Camilo José Cela, Manuel Vázquez Montalbán, Francisco de Quevedo, Miguel de Cervantes, Enrique Vila-Matas, Antonio Gamoneda, Franz Kafka, Bohumil Hrabal, Milan Kundera, Milorad Pavić, Hans Magnus Enzensberger, Czeslaw Milosz, Heiner Müller, Rainer Maria Rilke, Marin Sorescu, Wisława Szymborska, Albert Camus, André Malraux, Georges Perec, Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Alessandro Baricco, Italo Calvino, Andrea Camilleri, Umberto Eco, Sergio Solmi, Francesco Petrarca, Julian Barnes, Bruce Chatwin, Virginia Woolf, T.S. Eliot, Seamus Heaney, William Shakespeare (os sonetos), Charles Tomlinson, Ray Bradbury, Douglas Coupland (até "Polaroids from the Dead"), Sam Shepard, E.B. White, Robert Bringhurst, Frank O'Hara, Walt Whitman, António Lobo Antunes, Rui Nunes, Eça de Queirós, José Saramago (antes do declínio iniciado com "Ensaio sobre a cegueira"), Eugénio de Andrade, Mário Cesariny, Herberto Helder, Luis Miguel Nava, Almada Negreiros, Alexandre O'Neill, Fernando Pessoa (sobretudo Álvaro de Campos). Estou agora embrenhado na leitura de um ensaio fascinante (e espesso: quase 700 pg) de David Landes, intitulado "The wealth and poverty of nations: Why some are so rich and some are so poor", uma história económica do mundo desde a Idade Média aos dias de hoje.

ÁreaBD- Qual é a sua personagem de BD favorita?
JCF- Identifico-me mais com autores e livros do que com personagens. Se tivesse mesmo de escolher uma seria Corto Maltese.

ÁreaBD- Quais são os seus autores preferidos?
JCF- Na BD: Will Eisner, Neil Gaiman, Ben Katchor, Winsor MacCay, David Mazzucchelli, Dave McKean, Jon J. Muth, George Pratt, Chris Ware, François Boucq, François Bourgeon, Nicolas De Crecy, Hermann, Jacques Loustal/Paringaux, François Schuiten/Benoît Peeters, Alberto Breccia, José Muñoz/Carlos Sampayo, Hugo Pratt, Stefano Ricci, Miguelanxo Prado.

ÁreaBD- Pode dar um conselho para aqueles que querem seguir a carreira de artista de BD?
JCF- Guardaram para o fim a pergunta mais difícil.
Não há receitas nem fórmulas de aplicação geral. Cada um tem que descobrir o seu caminho, consoante a sua personalidade, os seus interesses e os seus objectivos. A minha experiência pessoal de pouco servirá para quem queira vir a desenhar os "X-Men".
Os conselhos que posso dar são necessariamente muito genéricos:
1) Para quem desenha, praticar até cair para o lado, e evitar copiar os desenhadores idolatrados. Desenhar a partir do natural, de modelos, de fotos (tiradas por si mesmo ou pilhadas a revistas e jornais), mas não dos desenhos de outros, senão será difícil desenvolver um estilo pessoal.
2) Para quem quer ser argumentista, ler muito e de forma alguma só BD. Ler muito, não para tomar modelos, mas a) para se ter uma noção da vastidão do mundo da literatura e da experiência humana, b) para se perceber o que já foi feito (não vale a pena tentar inventar a roda outra vez) e c) o que não deve ser feito (nesta área não vale a pena perder muito tempo).

27 dezembro 2005

Os 'Sketchs' de Madureira para Ultimates

Joe Madureira continua a trabalhar na última proposta que a Marvel Comics lhe fez.
Jeph Loeb irá escrever o argumento e Madureira será o desenhador de serviço para o 3º vol. de Ultimates, estando ainda a preparar alguns 'sketchs'. Como já tinhamos visto numa notícia anterior, aqui na ÁreaBD, Mark Millar e Brian Hitch sairam deste projecto para dar lugar a estes dois senhores. Millar e Hitch decidiram avançar para outros projectos mais comprometedores e chegaram a afirmar que seriam os maiores projectos das suas vidas.
Mas o que eu queria deixar nesta notícia era na verdade os dois últimos desenhitos de Madureira.
Apesar de estes serem alvo de algumas críticas (devido à parecença com o estilo dos Manga), eu aprecio-os muito. Os desenhos do Brian Hitch já estavam na revista há um bocadinho de tempo e já cansavam um pouco. Eu também não sou muito fã da arte dele, por isso sou suspeito.
Bem, aqui ficam eles:



















Feiticeira Escarlate e Homem de Ferro


Quem os quiser comprar os primeiros números, não se esqueça que em princípio serão lançados no segundo se-mestre de 2006.

23 dezembro 2005

Devir em Dezembro

Neste mês de Dezembro, a Devir traz-nos três edições em que uma das quais, é o primeiro número de uma nova colecção da Editora- Riscos é o nome da colecção e "Strangehaven" é o primeiro álbum, da autoria de Gary Spencer Millidge. O segundo será "Concreto- Uma Rocha entre as Rochas", que tem lançamento marcado para Abril, altura do Festival de Beja (onde estará presente o autor- Paul Chadwick).
Mas ainda há mais. "Loki", da norte-americana Marvel, é uma mini-série em que Robert Rodi nos conta a história em que Loki se apodorou do trono do seu meio-irmão. O primeiro grande trabalho de Esad Ribic como desenhador!
E por último, Arrowsmith, da WildStorm. Trata-se de uma guerra, mas não uma guerra "com armas de fogo", mas sim de uma guerra de magia. A personagem que acompanhamos ao longo da história tem o nome de Fletcher Arrowsmith, que tem o desejo de se tornar aviador.
Aqui ficam as respectivas sinopses destas três BD's:


Strangehaven- Na Arcádia
Gary Spencer Millidge


Colecção: Riscos
Nº de págs.:
Preço.:

O que é Strangehaven? Strangehaven é um romance policial, um thriller psicológico, uma telenovela, uma rede de intrigas e mistérios, de romance e humor, é sobre sociedades secretas, xamãs, a teoria quântica, o corpo de uma jovem que flutua num lago, sobre triangulos amorosos e desaparições misteriosas e sobre precepções da realidade e da interconecção entre todas as coisas e muito mais!

Loki
Robert Rodi e Esad Ribic

Colecção: Clássicos Marvel
Nº de págs.: 96
Preço: 12€

Há sempre dois lados para cada história. Já conheces a de Thor, agora é a vez de ouvires a de Loki. O filho mais desprezado de Odin reescreve as tradições Asgardianas pela sua perspectiva... fica a conhecer a insaciável fome de Loki pelo poder, o conflito dos seus sentimentos por Sif, o desprezo por Balder e o seu profundo ressentimento pelo seu irmão mais velho, Thor, e pelo seu pai negligente, Odin.

Um álbum arrebatador passado num universo alternativo da Marvel, pintado pelo novo talento de Esad Ribic, com argumento de Robert Rodi (Elektra).

Arrowsmith- A Guerra da Magia
Kurt Busiek e Carlos Pacheco

Nº de págs.: 160
Preço: 16€

1915. A Primeira Grande Guerra devasta a Europa… mas trata-se de uma guerra de feiticeiros, dragões, vampiros e magia, ao invés da convencional guerra de armas de fogo. Acompanha o jovem Fletcher Arrowsmith na sua busca por aventuras e glória, na sua longa e penosa ascensão até se tornar aviador - um dos feiticeiros voadores que combatem a guerra nos céus acima das trincheiras. Mas o que Fletcher descobre nos campos de batalha da Gália é bastante pior do que alguma vez havia imaginado.

Arrowsmith: A Guerra da Magia reúne a aclamada equipa criativa composta por Kurt Busiek e Carlos Pacheco, numa envolvente história que retrata os ideais da juventude, aventura, e os horrores da guerra. Este volume reúne os números 1 a 6 da série Arrowsmith nomeada para um Prémio Eisner, juntamente com o prelúdio de oito páginas que introduziu o mundo de Fletcher Arrowsmith.


Textos: Devir

21 dezembro 2005

Mais Capas da Saga "The Other"

Amazing Spider-Man #527Friendly Neighborhood Spider-Man #4

Serão estas as duas próximas capas dos "re-prints" de Amazing Spider Man #527 e Friendly Neighborhood Spider Man #4, respectivamente. Na primeira, vemos o Homem Aranha da série Spider Man 2099, e na seguda vemos o Peter Parker que particpou, outrora, em combates de Wrestling.
Agora encontra-se disponível no site Newsarama uma sondagem em os fãs do Aranhiço irão decidir qual será o Homem Aranha que estará na capa do próximo número da saga The Other. Até agora, o mais votado é na realidade Spider-Ham (em baixo)(?).
Pouco ou nada sei sobre esta personagem, mas fica aqui uma página com informação sobre a mesma.

Sinceramente, acho que esta iniciativa da Marvel não é lá muito credível. Reviver todos os antigos uniformes do Aranha só para, no final de isto tudo, nos apresentarem um novo (que também não deverá durar muito tempo).
Enfim, vamos ver no que isto dá.

18 dezembro 2005

Loki

Argumento: Robert Rodi
Desenho: Esad Ribic
Edições Devir/ Marvel

Este é o primeiro grande trabalho de Esad Ribic para uma editora norte-americana. Depois de trabalhar apenas nas capas de algumas séries para a Marvel (Wolverine, House of M), Esad faz parceria com Robert Rodi na mini-série Loki, de 4 partes.
"Loki", é na verdade uma estória diferente das outras em que a personagem mais focada é mesmo ele, o meio-irmão de Thor. Aqui passamos a conhecer a verdadeira faceta do Deus da Trepaça e como ele se apodorou, um dia, de Asgard. Mas não passará de mais uma tentativa que poderá simplesmente ir em vão? Tentarão, todos os que ajudaram Loki na sua conquista do poder, virar-se contra ele para obter algo mais do que o sabor da vitória?
Tudo isto é algo que Robert Rodi nos mostra depois de um «estudo exuastivo» desta personagem. Como o próprio indica, esta BD conta-nos a tão conhecida estória entre dois irmãos, filhos de Odin, mas agora na versão de Loki.
No que toca ao desenho, não há palavras para o descrever (também estou a exagerar um pouco). Esad Ribic tem um traço espectacular e é por isso que tenho pena por ele não ter estado presente este ano no FIBDA (talvez para o ano). Assemelha-se muito ao desenho de Alex Ross, sendo muito realista e fazendo com as personagens pareçam estar a "sair" do papel. A pintura também é muito boa. Arrisco-me a dizer que é um dos melhores desenhadores que agora andam por aí, apesar de ainda ter que amadurecer um pouco o seu traço.
Já Robert Rodi tem aqui a sua segundo parceria com Esad tendo trabalhado primeiramente com ele na estreia do desenhador, na série 4 Horsemen, da linha Vertigo/DC. Quer a nível de argumento, quer a nível de enredo, Rodi esmerou-se para criar este conto de deuses míticos. No guião que escreveu e que é mostrado no final desta BD, ele deixa-nos com um gostinho na boca, já que nos apercebemos que isto tudo se trata de um ciclo vicioso.
"Fá-lo-ia de novo... fá-lo-ia tudo de novo... fá-lo-ei tudo de novo".
Sinceramente, o final soube a pouco (fiquei com a impressão de que apertaram um pouco demais o fim). Fiquei sem perceber muito bem o que aconteceu ao Loki e só quando li o guião é que fiquei a perceber.
Espero que a Marvel continue a apostar neste desenhador.

8/10

Homem-Aranha: Metamorfose

Argumento: Paul Jenkins
Desenho: Humberto Ramos e Paco Medina
Arte-final: Wayne Faucher e Juan Vlasco
Cor: Studio F
Edições Devir/ Marvel

Quando Ana Soria apareceu e beijou Peter Parker na saga Royal Flush (já criticada e avaliada aqui na ÁreaBD), despoletou nele uma série de grandes e importantes mudanças.
São essas mudanças que acompanhamos no mais recente volume da colecção Universo Marvel Deluxe : Homem-Aranha Metamorfose.

A única coisa que achei de positivo nesta estória foi mesmo o desenho de Humberto Ramos na primeira parte da estória, mas mesmo assim, não estava no seu melhor…
Não percebi bem a mudança de desenhador… Ainda por cima a escolha não foi muito feliz.

A estória tinhas partes extremamente ridículas como por exemplo a naturalidade como Mary Jane reagiu ao ver Peter Parker peludo e com dois olhos em cada órbita,dizendo que ele devia ir ao médico, e quando Peter Parker, subitamente e sem motivo aparente, sai de dentro do “fato” de aranha em que estava dentro…

Paul Jenkins já escreveu estórias muito melhores que esta.

Parece que esta estória fraquinha foi só para introduzir as teias orgânicas a Peter…e para começar o arco do Vingadores:Acto Final (Avengers Disassembled).

4/10

The Goon é Nomeado para os Prémios do Festival de Angoulême

Excelente série! Tão boa que foi nomeada para o Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême. Faz parte dos sete nomeados para a categoria de Melhor Álbum. A edição nomeada foi a da Editora Delcourt que é um selecção das primeiras aventuras da personagem.
The Goon tem sido reconhecido internacionalmente pelas suas estórias repletas de um humor negro que nos deixa agarrados à revista até ao fim. Eric Powell, criador da série, já recebeu dois Will Eisner Awards- Best Humor Publication (Melhor Edição Humorística) e Best Continuing Series (?). É das melhores séries actuais neste momento nos Estados Unidos (a meu ver).
Os comics já se começam a difundir por terras Gaulesas...