30 setembro 2006

JOGO DO BLOG #15

Este jogo vale um ponto. Se ninguém conseguir acertar, será colocada uma nova pista e o jogo passará a valer 0,5 pontos. O participante tem que referir o título original e o número da edição para poder ganhar e só tem 3 tentativas para acertar. Boa sorte!

Resposta: Kingdom Come #3
Vencedor: The Elitist

Olhadelas Da Semana #1

Enquanto os outros sites e blogs, limitam-se a divulgar as datas de lançamentos dos comics a ÁreaBD não!
E é por isso que vamos inaugurar hoje a coluna semanal: "Olhadelas da Semana". Todas as semanas trago-vos duas ou três previews que dificilmente encontraram (ahhhhh pois é, a ÁreaBD tem as suas fontes lol ).
Esta semana deixo-vos com Ultimate Spiderman #100 e Migthy Avengers #1. Por um lado vemos a Saga do Clone, por outro lado temos uma nova formação dos Vingadores!

(CLICAR NAS IMAGENS PARA AUMENTAR)

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29 setembro 2006

Preview: Filho do Morcego e Robin

A única coisa que escrevo antes de mostrar as imagens é: CUIDADO! SPOILER!



Bem...
Estas imagens são o 2º preview de Batman #657, escrita por Morrison. Este preview mostra clichés a "mais"!
Primeiro: o Damian mata um criminoso, e vai contra o juramento de não-assassínio feito pelo Batman e seus aliados.
Segundo: dá uma trepa monumental no Robin.
Terceiro: cria para si próprio um uniforme de Robin, socorrendo-se de peças do uniforme do Jason Todd.

Confesso uma coisa, não esperava que o Morrison enveredasse por este caminho e isto está-me a deixar um pouco receoso quanto a comprar o TPB.
Mas ainda tenho esperança! Acredito no Morrison, mas tenho plena consciência que daqui sairá uma história genial ou então material indigno de usar como papel higiénico!!!
Tenho um pequeno pressentimento que o Morrison para explicar isto tudo se vai refugiar na teoria dos murros que o Superboy-Prime deu no muro das Realidades, alterando o mundo e os acontecimentos...

Os desenhos estão muito bons, e a cor também, sendo de dizer que o novo uniforme do Robin é parecidissímo com o do Batman... Interessante...

P.S. o uniforme do Damian é mesmo ridículo ou é de mim?

27 setembro 2006

Preview: Ultimates 2 #12

Finalmente a penúltima edição de Ultimates nas mãos de Mark Millar e Bryan Hitch.
A última parte da saga em 6 partes "Grand Theft America" (ou GTA).
A resposta dos Supremos contra os Libertadores! O destino de Thor! O regresso dos Defensores (???)!
Provavelmente uma das edições mais esperadas do ano!!!





O mais interessante de tudo é saber que contra o combinado a saga GTA só "acabará" em Ultimates 2 #13, a derradeira edição da equipa Millar/Hitch. Ou seja, U2 #13 será GTA 7 de 6...
Interessante.
Quero ler isto e muito, porque acho que não vou mexer no volume 3...

23 setembro 2006

A Liga dos Cavalheiros Extraordinários vol.1

Argumento: Alan Moore
Desenho: Kevin O'Neill

Ingalterra. Fins do séc. XIX. Uma busca inicia-se. Os procurados? Um punhado de pessoas em que o futuro do país será depositado nas suas mãos. Quem são eles? Allan Quatermain, Mina Murray, Capitão Nemo, Dr. Henry Jekyll, Mr. Edward Hyde, Hawley Griffin, eles formam a Liga dos Cavalheiros Extraordinários!

Acabei de ler esta obra ontem e a minha impressão não podia ser melhor. Confesso que das duas únicas que li de Alan Moore (esta e V for Vendetta), sempre achei que seriam algo "secante". Digo isto porque o ínicio de ambas as histórias não me pareceu prometedor, mas quando comecei a entrar pelo livro "adentro", cada vez me apercebia mais de que estava a ler grandes histórias, grandes obras. Alan Moore mostra mais uma vez que é o melhor argumentista vivo e ainda em trabalho, apesar de recentemente ter anunciado que irá abandonar a indústria dos comics americanos. O seu último álbum a ter lançamento será o derradeiro volume desta série, que só será lançado em 2007, devido aos recentes problemas entre a DC e o argumentista.

Esta história passa-se na Era Vitoriana. O Império quer evoluir e para isso terá de recuperar uma das suas grandes descobertas, roubada por um dos inimigos dos estado. Para isso foram recrutados alguns homens, entre eles uma mulher. Foi-lhes concedida missão de recuperar o tal artefacto e para isso terão de fazer tudo. Viajam pelo mundo através do Nautilus, de Capitão Nemo, guiados por Mina Murray, a chefe de fila, ajudada por Quatermain, caçador de Elefantes, que por sua vez tem o auxílio do misterioso Hawley Griffin e do pacato Henry Jekyll, que tem um lado negro e brutal, de nome Edward Hyde.
Por aqui veêm-se claras homenagens a grandes personagens da literatura. Quem não se lembra das aventuras de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, ou do Nautilus de Júlio Verne? Alan Moore faz sempre questão de homenagear grandes personagens, como em V for Vendetta, ou como no controverso Lost Girls, o mais recente livro da sua autoria e da de Melinda Gebbie, sob a chancela da Top Shelf. Tarantino dos comics? Não sei...

Mas como Alan Moore não sabe desenhar, alguém o teria de o fazer. E quem melhor que Kevin O'Neil (outro autor da escola inglesa) para desenhar esta obra? Este homem tem uma imaginação inimaginável! Consegue criar cidades grandiosas, estruturas grandiosas, tudo grandioso. Adorei a forma como ele imaginou o Nautilus e como caracterizou cada personagem. Todo este livro Bem Desenhado, apenas não gostei muito das capas, podiam ser bem melhores.
Sem dúvida que este homem poderia voar mais alto na indústria dos comics americanos, pois tem grande talento.

Aconselho esta obra a todos os bedéfilos, porque se não têm nada de Alan Moore na vossa biblioteca, mais vale deixarem de ler comics! Moore consegue surpreender qualquer um com o seu engenho e imaginação, que vai até onde ninguém pode. Infelizmente é "maltratado" pela grande DC. Talvez seja uma birra de Moore que nunca lhe irá passar, ou talvez uma casmurrice da editora. Voltar aos tempos em que o Mestre escrevia para os principais títulos de super-heróis, seria óptimo, mas impossível.

Superman/Batman #26

Argumento: Sam Loeb, Jeph Loeb, vários
Desenho: Tim Sale, John Cassaday, vários

Este comic é dividido em duas partes.
A primeira parte conta com o argumento de Sam Loeb que por sua vez é auxiliado pelos 26, um grupo de conceituados argumentistas e desenhadores (entre eles: Brian K. Vaughn, Geoff Johns, Jim Lee, John Cassaday e Tim Sale entre muitos outros).
Neste parte é relatada uma aventura que o Robin e o Superboy tiveram, a pedido de Super-homem e Batman, de mais uma vez averiguar o paradeiro do novo Homem Brinquedo, um génio de treze anos que tanto pode cair para o lado do Bem como do Mal.
Mas como nem tudo o que parece, é, pelo meio a dupla dinâmica vai ter de enfrentar muitos perigos…
É necessário referir que esta história é narrada pelo Robin, numa altura pós-Crise Infinita onde se mantém a memória do Superboy viva. Que se sacrificou para salvar todo o mundo.
Uma bela história, que tem enorme proveito proveniente do grande trabalho da conceituada equipa quem a fez.
Uma história com muito humor e que abarca em grande escala a temática da saudade.

A segunda parte deste comic é um tocante conto, “Sam’s Story” escrito por Jeph Loeb e desenhado por Tim Sale, onde é inserido na juventude do Clark Kent de for All Seasons o jovem Sam. O grande amigo daquele que virá a ser o Homem de Aço. O único que o consegue fazer rir com genuíno prazer.
Mas tal qual o filho de Jeph Loeb, este jovem saudável e bem-disposto é também atacado pelo cancro, vindo-lhe a sucumbir…
É doloroso ver a impotência, daquele que consegue alterar a órbita de um planeta, não conseguindo fazer nada para o ajudar, apenas dar-lhe o prazer da sua amizade e da sua companhia, enquanto o seu amigo é comido interiormente pelo cancro…
Só podemos imaginar como terá sido terrível para Jeph Loeb ter visto a saúde do seu filho a definhar enquanto este era consumido pelo cancêr…

Sam Loeb:
Filho de Jeph Loeb, herdou o gosto dos comics e da escrita do seu pai, tendo escrito uma história para “Tales of Vampire” desenhada por Tim Sale.
Faleceu após uma luta de três anos contra um cancro situado na perna.
“Sam’s Story” não foi a única homenagem a Sam, o seu nome aparece no final dos créditos de “Arrival” o primeiro episódio da quinta temporada da série Smallville.

Preview de Ultimate Power

Cumprimentos aos leitores.
Em Outubro será lançada a mini-série Ultimate Power, que trata o crossover entre o Ultiverso (universo Ultimate) e o Supremeverso (universo do Esquadrão Supremo).
Tudo isto começa com o esforço do Dr. Reed Richards para encontrar uma cura para a forma do seu amigo Ben Grimm (o Coisa), mas acidentalmente o Quarteto Fantástico Ultimate abre uma brecha para o Supremeverso, mas antes que se consiga fazer alguma coisa quanto a esta brecha, eis que surge o Esquadrão Supremo, buscando justiça pelos crimes que o Dr. Richards cometeu no Supremeverso (?)







Resta ainda dizer qual é a equipa que nos vais trazer esta obra.
No argumento teremos Brian Michael Bendis (Ultimate Spiderman, Daredevil) e a arte é assegurada por Greg Land (Ultimate Fantastic Four, Phoenix: Endsong).
Que posso dizer... Com o Bendis a escrever e os magníficos desenhos do Land só pode ser uma obra espectacular...

22 setembro 2006

JOGO DO BLOG #14

Este jogo vale um ponto. Se ninguém conseguir acertar, será colocada uma nova pista e o jogo passará a valer 0,5 pontos. O participante tem que referir o título original e o número da edição para poder ganhar e só tem 3 tentativas para acertar. Boa sorte!

Vencedor: Cesar
Resposta: JLA/Avengers #2

Preview: O Filho do Morcego

Saudações a todos os leitores.
Trouxe até vós as primeiras imagens de Batman #657, 3ª parte da saga "Batman and Son", escrita por Grant Morrison e desenhada por Andy Kubert.
Ora, "Batman and Son" trata mesmo disso, da relação que o Batman desenvolve com o seu filho e de Talia Al Ghul (filha de um dos seus maiores inimigos, Ra's Al Ghul), bem isto não é novidade, este filho já tinha aparecido há uns anos e quando a DC percebeu que essa decisão de pôr o Batman a ser pai foi um erro, limitaram-se a dizer que essa história era um Elseworld...
Bem, Elseworld ou não, o rapaz está de volta! E pelo que parece um pouco irritado com o pai.



Na minha opinião, o Morrison é um génio e daqui só pode sair uma boa história... Apesar de não ser muito inédita, pois parece que o Logan também se deparou com a mesma situação há algum tempo...
O mais engraçado de tudo vai ser a relação que o Robin vai ter com este rapaz, dado que pela Lei eles são irmãos e tudo o mais.
Muitos fazem a pergunta: Qual deles vai morrer? Robin ou Damian? Eu penso que nenhum deles, o Batman é pai para dois rebentos especialistas em artes marciais...
Vai ser uma saga que eu comprarei em TPB.

21 setembro 2006

JOGO DO BLOG #13

Este jogo vale 1 ponto. Se ninguém conseguir acertar, será colocada uma nova pista e o jogo passará a valer 0,5 pontos. O participante tem de referir o título original e o número da edição para poder ganhar e só tem 3 tentativas para acertar. Boa sorte!

Vencedor: Dpmor
Resposta: Crisis on Infinite Earths #7

Trailer e Spoilers de Civil War #4!

A Marvel Comics soma e segue com revelações bombásticas e com a série de trailers sobre a Guerra Civil que se anda a passar por lá.
Começo já por dizer que este é o melhor trailer de Civil War até agora. Foi utilizada uma técnica de animação que condiz lindamente com os lindos desenhos de Steve McNiven. Sugiro que vejam o trailer com bons olhos e com o volume alto, porque a música ajuda ao ambiente.
Mas não é só disso que eu estou aqui para falar, mas sim também de SPOILERS! E de quem serão eles? Pois claro do Grande Thor! SPOILER INCOMING!
Em declarações, Mark Millar afirmou que o Thor que apareceu em Civil War #3 não passa de um clone! Sim, como Straczynsci vai começar a escrever a nova série do Deus do Trovão, Millar não quis interferir com o regresso do mesmo. O clone só podia ser da autoria de Reed Richards... Mas todo esta confusão em redor do clone causou uma morte, a de Golias, como podem ver na imagem em cima.

Agora tirem as vossas próprias conclusões e vejam o tal trailer de Civil War #4, o melhor até agora:

Camelot 3000

Argumento: Mike W. Barr
Desenho: Brian Bolland

Para inaugurar a minha participação neste blog, decidi fazer um breve review de um dos maiores clássicos da nona arte americana. Um clássico que ajudou a redefinir a banda desenhada adulta tal como ela é actualmente, e que estabeleceu directrizes pelos quais inúmeros autores se basearam na criação das suas obras. Foi uma das primeiras obras criadas para o mercado directo (quem não souber o que é pode encontrar mais informações aqui) e foi a 2ª "maxi-série" da editora (na altura era um conceito novo). Publicada originalmente em 12 números, teve arte de Brian Bolland (que juntamente com Alan Moore ajudou a redefinir o Batman na obra "A Piada Mortal") e argumento de Mike W. Barr.

Breve resumo: Esta obra passa-se no futuro, mais precisamente no ano 3000 depois de Cristo, em que uma invasão alienígena provocou o ressurgimento da maior figura da mitologia britânica, o mítico King Arthur Pendragon, rei da Bretanha e senhor do Império Romano. Esta história baseou-se numa lenda britânica que diz que o Rei Arthur regressaria quando o seu povo mais precisasse. Acordado do seu sono milenar por Tom Prentice, que fugia de alienigenas que procuravam assassina-lo, resgatou Merlin que estava preso nas ruinas de Stonehenge e logo de seguida partiu, juntamente com Tom Prentice, em busca dos seus cavaleiros da Távola Redonda, que tinham reencarnado em pessoas daquele tempo. Guinevere é Joan Acton, uma comandante das forças unidas. Lancelot é o Magnata francês Jules Futrelle. Galahad é um samurai japonês, Gawain é um pai de família negro que vive na África do Sul, e Kay é um vigarista em Chicago. Destes coadjuvantes, um dos mais interessantes na minha opinião é Sir Percival, que logo após "lembrar" quem era, é transformado num neo-humano, um monstro geneticamente modificado. No entanto, apesar da sua nova condição, continua a ser leal ao rei Arthur. E o mais interessante de todos é Tristão, que reencarnou num corpo feminino e foi "acordado" por Tom Prentice no preciso momento em que se ia casar com um herói de guerra. O descontentamento por ter reencarnado num corpo feminino acaba por se tornar em desespero quando encontra a sua amada Isolda, que reencarnou num corpo também feminino. Esta não se importa com a nova condição de Tristão, enquanto que Tom Prentice desenvolve sentimentos em relação à "lady" Tristão. Mais tarde descobre-se que quem está por trás da invasão alienígena é nada mais nada menos do que Morgana le Fay, feiticeira rival de Merlin e meia-irmã de Arthur que tem como aliado Mordred, que reencarnou no director de segurança da ONU, Jonathan Matthew.

Esta história consegue englobar de forma inteligente praticamente todos os elementos da mitologia do Rei Arthur, desde Merlin, a excalibur a ser entregue pela dama do lado, para de seguida desaparecer e aparecer numa rocha no meio da assembleia das Nacões Unidas, fazendo com que Arthur reproduza a cena da retirada da espada, o romance proibido entre Guinevere e Lancelot e até a busca do Santo Graal.

Na minha opinião, é uma obra que qualquer coleccionador que preze tem que ter na prateleira. Um verdadeiro clássico.

19 setembro 2006

Entrevista a Derradê

Bom dia leitor. Estou aqui para lhe dizer que mais uma (grande) entrevista foi realizada em exclusivo aqui para a ÁreaBD! Desta vez tivemos de interromper Derradê que estava tranquilamente no WC... E não é que ele aceitou?
E entrevista foi feita por e-mail e conduzida pelo CESAR e por mim. Sem mais apresentações (acho que todos sabem quem é o grande Derradê) aqui vai a entrevista!


ÁreaBD - Antes de mais, obrigado por aceitar em responder à entrevista e por nos dar uma dose bi-mensal de humor em BD. Em primeiro lugar, queríamos perguntar qual foi o seu primeiro contacto com a Banda Desenhada em si. O Derradê começou pela Disney ou pelos Franco-Belgas?

Derradê - Principalmente pela Disney (da Abril pré-Morumbi): Mickey, Tio Patinhas, Disney Especial, Almanaque Disney (mensais), Zé Carioca e Pato Donald (quinzenais). Também pela Mónica e Cebolinha do Maurício de Souza. Comecei através dos livros e revistas do meu primo, que é 7 anos mais velho do que eu e me ensinou a desenhar, o que implica que também já lia Franco-Belga pois ele comprava a revista TinTin. Comics não tanto mas ainda assim lia alguma Marvel(Bloch) e DC(Ebal). Tudo Brasileiro. O engraçado é que hoje em dia a malta tem gostos extremados, se gosta de mangá não suporta Franco-Belga, se gosta de Franco-Belga não suporta Comics, se gosta de Comics não suporta Mangá. Mesmo no meu maior período de consumo Marvel (início da Homem-Aranha, Super Aventuras Marvel,...) nunca deixei de consumir Franco Belga, principalmente por alturas da Feira do Livro (raramente ia a livrarias de Lisboa o resto ano), e nunca larguei a Disney (é o efeito que o Carl Barks deixa numa pessoa).



A partir de que altura é que começou a desenhar a sério?

Essa altura ainda está para vir, mas comecei a publicar no Jornal Regional Mensal Notícias de Alverca em 1991 (tinha então 20 anos), co-lancei o meu primeiro fanzine em 1992 (o The BadSummerBoys Fanzine, com o Geral - o maior argumentista português vivo, é a minha opinião, lamento) e publiquei o meu primeiro livro em 1999 (Fúria, Edições Polvo).


Desde que começou a ler BD teve logo aquele sonho de poder desenhar BD ou só com a idade é pensou em seguir essa carreira?

Quando em pequenos nos perguntam o que é que queremos ser quando formos crescidos, eu costumava responder "Walt Disney e Astronauta" - eu julgava que o sr. Disney é que fazia aquelas histórias todas e os filmes que eu via, e na altura julgava que Portugal era um grande país, com foguetões e tal.


Quais foram as reacções da família ao saberem que se ia tornar um desenhador pseudo-intelectual?

Depois de pararem de rir, o que ainda levou algum tempo, tiveram reacções diversas: tentativas de internamento em hospitais psiquiátricos ou asilos, corte de relações e mesmo tentativas de assassinato, quer físico quer psíquico. Mas como são da família temos de a aguentar, não é? Mas também deixei de lhes oferecer presentes nos aniversários...


Deduzimos que desenhar seja um part-time. Tem algum outro trabalho a tempo inteiro?

Sim, confirmo, desenhar é um Part-Time. Sou Pai de 3 meninas e Marido da minha mulher, o que me ocupa o tempo todo. Quando era jovem e descomprometido licenciei-me em Matemáticas Aplicadas e fui Analista/Programador durante 10 anos. De momento escrevo, desenho, monto, promovo e trato da gestão da Velvet Underground, proprietária da HL Comix, mas só nos momentos em que a minha vida particular me deixa.


De todos os seus trabalho, qual foi aquele que lhe deu mais gozo fazer?

As minha filhas sem dúvida. As tentativas e repetições que, cada vez mais raramente, vou fazendo. Existe a regra que o trabalho actual é o que dá mais gozo de fazer, e fazer a HL Comix dá-me um gozo muito particular, mas gostava de destacar o "A 25 Sempre a Abril!". Pelo trabalho de pesquisa que implicou, pelo trabalho que deu apertar com o argumentista, pelo trabalhar uma época tão especial da história portuguesa, e tão mal compreendida, e por ser o trabalho de maior fôlego que já fiz - realizado em 28 noites e fins-de-semana consecutivos durante o mês de Fevereiro de 2002.


Se pudesse qualificar as suas obras, como o faria?

Apressadas. Ah, como gostava de poder ter mais tempo (seguido, sem interrupções) para dedicar às minhas BD’s...


Agora, no capítulo referente à sua mais recente produção, como é ser o criador de uma revista como a HL Comix?

É um grande gozo, prazer, satisfação, ser o criador de uma impossibilidade real (uma revista independente portuguesa de BD), e no entanto ela existe. O poder fazer, literalmente, o que quiser e publicá-lo e depois vê-la ganhar vida própria, sair das nossas mãos e ir por essas bancas fora (que na minha opinião é o local por excelência da BD) tentar fazer pela vida enche-me de orgulho.


Em outras entrevistas já admitiu que a HL bebe inspiração de Chiclete com Banana de Angeli, mas já admitiu que não se compara a Angeli, o seu criador. Mas relacionando a HL à CcB, diga-nos em que é que elas são parecidas?

O estilo de BD/Tiras presente nas duas pode ser considerado de Comix, alternativo e underground. Falam de estilos de vida, à sua maneira são subversivas e nelas a música tem uma presença quase vital. Preferem olhar a vida tal como ela é e são o oposto daquilo que representa a imprensa cor-de-rosa. As suas existências provam que existe alternativa ao comics super-heróico ou ao Franco-Belga escuteiro.


Em diversas intervenções, o Derrade demonstra um sentido de amor acutilante e nada sensível, não tem medo de ser mal compreendido e por isso mesmo ser prejudicado nos seus projectos futuros?

Se pretendo ser humorista não posso ter medo. Não é opção. Um Humorista com medo não existe. Quanto às más interpretações, tudo depende de quem lê, e o autor nisso não tem hipótese de controlar. Se eu disser "esta parede é branca" as más interpretações que daí possam ocorrer são inúmeras. É só quererem.


Classifique a HL para quem nunca pegou num exemplar (no fundo faça publicidade).

A HL Comix é uma revista de BD/Humor Alternativa e 100% Portuguesa. Para além disso têm artigos sobre Artistas/Obras de culto no campo da música, cinema, literatura. Se acha que a sua vida é triste venha ler a HL. Atreva-se! Pode ser corrosiva. Pode ser ácida. Pode ser bera. Pode ser desprezível. Pode ser a 8ª maravilha do mundo. Pode ser a janela para uma série de autores que se movimentam nas franjas do que é comercialmente aceitável. O que não é, nem nunca será, é mais uma revista alienada para com o que a rodeia.


Acha que a aposta numa revista deste género está a valer a pena? Que os portugueses se estão a rir mais graças ao seu trabalho?

Certamente que estão rir mais. Principalmente aqueles que se queixam que nunca se faz nada neste país e que, quando aparece a HL (ou outros projectos similares), não o apoiam, não a compram, não a divulgam, enfim matam o bebé (olá Pedro Santana Lopes) à nascença pois poderá não estar de acordo com a sua concepção de BD, e poderá mesmo ser uma ataque à sua inteligência (que a têm). Dito isto, não me estou a referir a ninguém em particular.


E é claro a pergunta que não pode faltar: Quais as suas expectativas em relação à HL?

As minhas expectativas em relação à HL Comix são enormes. Espero que ela se torne economicamente viável, que ela se torne num espaço onde outros autores possam publicar, e receber por isso, aquele material que dificilmente seria publicado em outros locais, que seja um exemplo de que é possível fazer uma revista de BD independente das vontades das editoras ou grupos de editoras que por formação ou deformação não respeitam a 9ª Arte.


Tem mais algum projecto na forja?

Todos os meus projectos centram-se em material a publicar na HL. Tenho um projecto que já acarinho desde 2002 e que seria um folhetim policial, em BD, uma espécie de mistura de Adéle Blanc-Sec do Tardi com o Twin Peaks do David Lynch, tudo com um grafismo semelhante ao do Sfar no Professeur Bell, ambientado na Lisboa dos anos 40 (pré, durante e pós 2º Guerra Mundial) e chamado provisoriamente LX40. O protagonista seria alguém com aquela doença de alergia à claridade, o que implicaria o uso do preto tornando a BD mais pesada e o corpo da personagem coberto de ligaduras. Ele seria também um pouco médium.


Se pudesse tomar alguma medida para mudar a situação da BD em Portugal, qual seria?

A nível estatal, governamental ou o que lá for a BD teria de ter tratamento igual ao das outras artes! Licenciaturas nas Universidades Públicas, encomendas estatais de trabalho, o regresso das bolsas de criação artística. Relevar o emprego da BD no ensino, não só em Português, onde se ensinaria os segredos da linguagem BD (quando estudava fazia parte do programa mas não era leccionado por ser dispensável...), como na Física, Matemática, História,... Como em Educação Visual (em 5 anos que tive esta disciplina nem uma única vez afloramos a BD, engraçado não é...). É na escola que se criam os novos leitores (obrigado mestre José Ruy pelos Lusíadas em BD, foram inestimáveis). É fora dela que se dá prestígio à BD: Rubricas semanais na TV PÚBLICA, já enviei duas revistas ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa e népia, mas quando sai um novo Ásterix ou um novo número de uma revista mais intelectualóide, lá está ela a aparecer. Não se pode mudar a importância de uma arte por decreto, mas tanta discriminação já cheira mal.


Por fim, queríamos saber como é que vê a (má) situação pela qual a Banda Desenhada no nosso país atravessa.

A HL Comix está nas bancas. O BDJornal está nas bancas. Qual má situação? Realmente as revistas de Super-Heróis não estão a aparecer, mas o que isso significa? Que apesar da excelente oferta da Devir as vendas não o justificavam? Os Fumetti que por cá chegam via Brasil vendem quanto? Qual é a situação dos Disney? Em bruto quais são as vendas mensais da BD que chega às bancas? E nas livrarias com os álbuns e trade paperbacks? É outro mercado, talvez mesmo outro público, aquele que não perde tempo nas tabacarias a não ser para comprar o jornal e o tabaco, mas que vai às livrarias (bicho raro). Parece-me que embora a oferta seja diminuta em relação a outros países (Espanha seria um caso de estudo bastante interessante uma vez que França já está demasiado batido) a culpa da crise actual é a fuga de clientes. O público parece ter desaparecido. O que não se vende não se faz. Deixo-vos uma pergunta: quantos telemóveis têm e quanto gastam com eles todos os meses. Portugal é (foi?) o país do mundo com maior taxa de implantação de telemóveis. A inveja, a vaidade e o exibicionismo em Portugal faz ganhar dinheiro a muita gente.


Queríamos agradecer a disponibilidade, pois sabemos que é um homem muito ocupado. Pedimos desculpa se tomámos algum do seu precioso tempo, pois neste momento podia estar a salvar a humanidade. Muito obrigado.